8/17/2006

Em Portugal não admiraria, agora... na Alemanha!...

Fez no passado dia 14 cinquenta anos que Bertolt Brecht partiu. Por isso aqui fica a minha homenagem a mais um grande Homem.
Agora reparem nisto:
- Bertolt Brecht é alemão, foi um dos maiores críticos do nazismo, é sem duvida o maior dramaturgo alemão e é o dramaturgo mais encenado do mundo, deixou-nos uma obra vastíssima com mais de 2000 poemas, ( de onde destaco por exemplo um musicado pelo nosso Zeca “ O Coro dos Tribunais” ), cerca de 100 peças de teatro, ( de onde destaco “ A Opera dos Três Vinténs “ inspiradora de “ A Opera do Malandro “ de Chico Buarque e a grande “ Mãe Coragem e os seus Filhos “ uma forte critica ao nazismo ), escreveu ainda vários romances, cerca de uma centena de textos em prosa e alguns diários. Para alem disto Brecht foi o fundador de um dos maiores Teatros de Berlim, “ Berliner Ensemble “.
- Apesar de toda a grandiosidade de Brecht, 42% dos alemães nunca leu nada de Brecht, 55% dos alemães só leram alguma coisa de Bertolt Brecht na escola e apenas 3% conhece a obra do autor de forma mais aprofundada. Ora isto no nosso Portugal com o nosso Camões até nem admira. Mas na Alemanha com o Brecht... Não pode deixar de surpreender! Então não é a Alemanha um país da vanguarda cultural dos países de primeiro mundo!??

Por estas e por outras, somos obrigados a concluir que a cultura está em crise global. Talvez seja essa crise a grande responsável pelas atrocidades diariamente cometidas por este mundo a fora.
Mas a grande questão é sem duvida saber, até que ponto esta crise não é propositada, uma vez que todos sabemos, que é bem mais fácil aos gordos do mundo atingirem os seus objectivos, se tiverem a opinião publica mundial esvaziada culturalmente. Retirar às pessoas a necessidade de pensar tem sido a forma obscena de o capitalismo se implantar. E por muito que custe a muitos, sou obrigado a lhes dizer que, capitalismo não rima nem nunca rimará com Democracia.

6 Mordidelas:

Anonymous Anónimo said...

Fico feliz por mim. Vou à frente doa alemães e como nunca os gramei isso é uma vitória.

;)

17 agosto, 2006 22:36  
Anonymous Anónimo said...

Pelo menos que o seu nome e sua luta permaneçam vivos...enquanto as suas idéias e peças continuarem por aí...


"As ruas do meu tempo conduziam ao pântano.
A linguagem denunciou-me ao carrasco.
Eu pouco podia fazer. Mas os que estavam por cima
Estariam melhor sem mim, disso tive esperança.

sou um escritor de peças, mostro
o que ví,no mercado dos homens
ví como o homem é negociado,isso
eu mostro,eu,o escritor de peças...."
Bertolt Brecht.



...Um grande e forte
abraço Lince.
Sempre tu.O meu mais
corajoso amigo.

17 agosto, 2006 23:14  
Blogger Mac Adame said...

Não é por acaso que é em Cuba que abundam pessoas cultas, mesmo sendo pobres, e o analfabetismo está quase erradicado. Não é por acaso que, na generalidade, os alunos de Leste que estão em Portugal têm mais facilidade em aprender do que a maioria dos portugueses (os pais desses alunos, criados em pleno regime comunista, dão-lhes uma educação que valoriza o conhecimento). Fala-se muito mal dos regimes não democráticos, por causa da repressão, e nisso estou de acordo. Só que, na ânsia de condenar esses regimes menos livres, não se aproveita deles o que de melhor tinham: um sistema de instrução eficaz, que impulsionava o gosto pela aprendizagem. Nas "democracias" modernas, o que interessa não é ter conhecimentos, é ter um grau académico que confira ao menino a possibilidade de ganhar dinheiro. A cultura não dá dinheiro. Por isso os paizinhos não querem saber se o filho aprende alguma coisa, querem é saber porque é que o professor teve a desfaçatez de reprovar o menino. Os governos "democráticos" só trabalham para a estatística e, por isso, apoiam esses papás que ostentam orgulhosamente a sua ignorância e a dos seus filhos. E assim andam todos contentes e ainda te acham um anormal por pronunciares nomes como Brecht. Talvez este mundo ficasse mais bem entregue aos macacos.

Dei exemplos de países comunistas, mas também poderíamos recuar ao tempo do salazarismo. Nem todos podiam ir à escola (esse é que era o grande problema) mas, quem ia, aprendia. Hoje, acham que obrigar a usar a memória é traumatizante para os meninos e os níveis de exigência andam completamente lá por baixo. Na lama. Assim se constrói uma sociedade de mentecaptos nas modernas "democracias" capitalistas. O gosto pelo conhecimento tem que ser cultivado. Mas hoje, em democracia, não se pode incuti-lo à força, pois isso pode ser traumatizante para os meninos. E assim se cria uma sociedade de mentecaptos. Aqui, na Alemanha ou em qualquer outro país dito "democrático". Sabem lá esses imbecis o que é a democracia...

18 agosto, 2006 04:00  
Blogger della-porther said...

Lince

Bravo. Perfeito o texto.
Parabéns

beijos de saudades

della

18 agosto, 2006 10:26  
Blogger de Matos said...

Amigo infelizmente tens razao, e disses-te tudo mesmo, neste mundo a cultura é so para alguns, basta aparecer algum genio com ideias diferentes da dos partidos politicos para ser banido...

abraço

19 agosto, 2006 14:49  
Blogger inBluesY said...

repito não sei o que gosto mais se Te visitar se ler os comnts de Mac Adriano...

é cultiva-se valoriza-se transmite-se, é ...

21 agosto, 2006 01:13  

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