9/19/2005

“O Centro do Surrealismo Mundial”

A Sra. Governadora Civil de Lisboa recusou autorização aos militares deste País que pretendiam manifestar o seu descontentamento em relação ao sistemático e continuo desrespeito, (segundo eles), a que a classe tem sido votada.
A Sra. G.C. alegou, (e posteriormente viu confirmada a razão nas suas alegações pelos tribunais), que a legislação não permite aos militares tais manifestações, pois tais manifestações podem por em risco o livre funcionamento das instituições podendo até as referidas manifestações serem consideradas actos de conspiração.
Com este impedimento de se manifestarem na via publica os militares viram-se obrigados a reunir em espaço circunscrito e privado, o que me quer parecer ser um cenário mais propicio à conspiração de que a praça publica. Ora não terá sido o Estado Português que transformou as regras ao profissionalizar as Forças Armadas?!... É que a mim parece que acabando com o serviço militar obrigatório e passando as Forças Armadas a ser compostas por profissionais estes devem ser regidos por regras adaptadas à nova realidade, salvaguardando sempre a lealdade dos militares para com as instituições e sobre tudo para com os Portugueses.
O Sr. Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, veio defender publicamente que os militares ao realizarem este tipo de iniciativas poderiam pôr em causa a coesão das FA. O que poderia ser grave para a manutenção da nossa soberania, logo quis ele dizer que a democracia correrá grandes perigos no caso de se passarem a autorizar tais iniciativas. Mas Sr. Almirante José Manuel Garcia Mendes Cabeçadas, o facto de se ter alterado as regras e a prática, de as chefias militares serem propostas pelas estruturas militares para passarem a ser nomeadas pelo governo, não constitui em si mesmo um muito maior perigo para a democracia? E não é a democracia em Portugal fruto precisamente da desobediência, por parte das classes militares subalternas, à classe que o Sr. Representa?
E que se assim não tivesse sido muito provavelmente este País teria que ter vivido sob o regime fascista ainda durante mais tempo de que aquele que viveu?! Como pode o Sr. Continuar a ser o representante dos militares que pretendem vir para a rua precisamente por acharem que as chefias, (das quais o Sr. É o principal responsável), não os representam devidamente por não defenderem os seus direitos? Não será Sr. Almirante que este sentimento de falta de solidariedade das altas patentes para com os subordinados poderá também ele pôr em causa a coesão militar?
E o Sr. Ministro em lugar de se esconder por detrás das instituições que todos nós já sabemos que estão perfeitamente instrumentalizadas, (ou não fosse para isso que servem as nomeações), não acha que seria muito melhor para a democracia ouvir e procurar resolução para as situações?
Todas estas atitudes me parecem surreais. Mas o que ainda é mais surreal é o facto da mesma Sra. GC de Lisboa passados poucos dias ter dado autorização para que se realizasse uma manifestação levada a efeito pela extrema direita. O que é realmente surreal é que o pedido de autorização dessa manifestação mencionava um partido conotado com a extrema direita o que é perfeitamente anticonstitucional, no entanto neste caso a Sra. GC deu autorização, (e já não é a primeira vez que tal acontece), para que a manifestação se realizasse.
Por tudo isto e muito mais que se vai passando cá no nosso cantinho Portugal terá forçosamente de ser internacionalmente reconhecido como “O Centro do Surrealismo Mundial”.

1 Mordidelas:

Blogger lince said...

Jane, antes de mais quero-te agradecer por me continuares a visitar.

Pois é... elas foram de facto autorizadas a manifestarem-se, mas os militares que se encontram no activo se o fizerem, ficam sujeitos a processos disciplinares que poderão mesmo transformar-se em processos crime. Isto segundo ameaça governamental.
Ora eu acho que está na hora do Povo Português abrir bem os olhos, porque o caminho que isto está a levar começa a tresandar a ditadura.
Ass: Lince

20 setembro, 2005 11:51  

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