9/19/2005

O Katrina...

Para começar, não posso deixar de me solidarizar com todas as vitimas do Katrina e suas famílias. Que com toda a certeza estão a viver momentos de uma angustia e de uma tristeza difíceis de se imaginar, muito mais para quem vive estes momentos de pesar (que ainda não passaram), à distancia.
Muita tinta já foi gasta em: comentários; reflexões; opiniões; descrições; conclusões; relatos; solidarizações; criticas; apoios e até reprimendas, apesar disso queria aqui expressar algumas considerações que me parecem pertinentes.

1º- Se é verdade que a Rússia por uma decisão, fruto de uma política autista e desumana, cometeu um crime que levou à morte de toda a tripulação do seu submarino nuclear ( Kursk), o que mereceu critica de toda a opinião publica mundial. Não é menos verdade que os EUA cometeram exactamente o mesmo crime, devido a uma política também ela padecendo do mesmo autismo e da mesma desumanidade. Logo, não pode a opinião publica mundial deixar de manifestar o seu repudio pela actuação dos responsáveis políticos americanos, ainda por cima tendo em conta que a actuação destes resultou na morte, evitável, de muitas centenas de pessoas.

2º- Houve uma evidente falta de capacidade por parte dos EUA em fazer face a tal catástrofe, que já foi apontada por muitos. Mas quanto a mim tornou-se evidente também, que o grande investimento Americano não é na preparação de acções e criação meios de auxilio em situações de necessidade e carência, mas sim na preparação de acções de invasão e dizimação de povos e ou Estados que se revelem um obstáculo ao desenvolvimento da aglutinadora economia capitalista Americana. Por isso fica mais uma vez desmascarada a falsidade das intenções Humanitárias Americanas nas suas intervenções em determinadas zonas do globo.

3º- É incrivelmente inacreditável, que nesta altura se possa pôr em causa a recuperação de uma grande parte de Nova Orleães, quando ao mesmo tempo, ninguém tem duvidas quanto a uma rápida recuperação e restabelecimento da normalidade nas plataformas petrolíferas e refinarias na zona de Nova Orleães. É incrivelmente incompreensível que o País que se diz ser a maior potência mundial, (guardião do mundo em nome do bem), ponha à frente da sobrevivência para milhares de pessoas que tudo perderam em Nova Orleães, o elevado nível da qualidade de vida de algumas pessoas que nada podem perder na bolsa de Wall Street.

4º- Porque não me quero perder em considerações, termino com uma que me diz mais directamente respeito.
Perante tal catástrofe nos EUA, o meu País, (onde quase todos os dias se dá um aumento dos preços dos combustíveis), emprestou aos EUA 500000 barris de petróleo.
Até me faz recordar o tempo em que o Salazar mandava para outros Países da Europa comboios carregados de alimentos, no exterior dos quais eram colocados grandes panos com a seguinte inscrição, “RESTOS DE PORTUGAL”, sendo que aqui muitos eram aqueles que estavam a morrer à fome.
Ora, é claro que eu sou da opinião que não devemos olhar só para o nosso umbigo.
É claro que eu defendo que devemos, enquanto seres Humanos, ser solidários.
Mas é claro também, que eu penso que não podemos estar a querer matar a fome aos filhos dos nossos vizinhos à custa de deixarmos os nossos próprios filhos morrer à fome!!!