6/21/2005

A nossa bondade é grande. Mas...

Apraz-me registar as declarações do Sr. Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
O Sr. Comissário alertou para as dificuldades de arranjar apoio para situações como a que se vive no Uganda, uma vez que ali não há turistas Europeus como vitimas. Logo como costuma dizer o bom povo Português, “longe da vista longe do coração”.
É de registar Sr. Comissário.
Assim como é de registar que sendo o Uganda um dos Países mais pobres do Mundo, havendo no Uganda um numero enorme de deslocados, este País continua a receber anualmente milhares de refugiados oriundos sobretudo do Sudão e da Republica Democrática do Congo.
Perante tal realidade o Sr. Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados proferiu a seguinte frase que me apraz aqui transcrever, "Pessoas com tão poucos recursos conseguem aceitar os refugiados”.
A mim surge-me apenas uma questão: seríamos nós, um País Europeu; logo com um conhecimento e uma mentalidade desenvolvidos, capazes de recebermos desta forma tão genuína e humana alguém vindo de outro País?
É claro que não. A nossa bondade é grande, mas termina logo que acaba o EU!!!

Obrigado Sr. Presidente.

Quero agradecer ao Sr. Presidente da Republica, o facto de na sua mais recente, (é já a 3ª), visita ao bairro da Cova da Moura, o Sr. Presidente ter tido o cuidado de lembrar aos Portugueses “de casta superior”, que ali também é PORTUGAL e que a maior parte das pessoas que lá vivem são também PORTUGUESES, na sua maioria nascidos em PORTUGAL, (e alguns até são brancos, vejam lá!...).
Pois é Sr. Presidente, está na hora das pessoas perceberem, que este País é feito de muitas realidades e que compete a todos fazer alguma coisa, para tornar a realidade dos mais desfavorecidos mais próxima da dos remediados, e não o contrario que é o que a politica dos últimos governos deste País tem feito.
Mais uma vez MUITO OBRIGADO Sr. Presidente
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Quanto a mim é preciso ter muita lata!!!

Então não é que neste sábado que passou os Srs. Da Frente Nacional levarão a efeito uma manifestação contra a violência!?
Pois bem, isto motiva-me alguns, breves comentários.
1º- Esta frente é constitucionalmente proibida.
2º- Esta manifestação não foi contra a violência, mas sim contra todos os de cor diferente do pseudo branco, a residir em Portugal.
3º- Esta manifestação foi, (felizmente), um fracasso uma vez que apesar dos esforços dos frentistas, não se chegaram a dar, (pelo menos que tenhamos conhecimento), incidentes de violência (física) graves.
4º- É lamentável, que apesar do argumento enlameado utilizado pelas autoridades, para justificarem a não proibição desta manifestação, (o facto do pedido ter sido subscrito por três cidadãos), após terem sido proferidas palavras de ordem e terem sido manifestados gestos e exibidos símbolos nitidamente racistas e fascistas, as autoridades não tenham posto automaticamente fim a tal iniciativa.
5º- E ultimo para não me alongar em demasia, é curioso ver à frente desta manifestação como organizador mais activo, um Sr. que me recuso a recordar o nome e que apenas já teve de cumprir uma pena por envolvimento no assassinato de um indivíduo Cabo-verdiano. Ver este tipo de Srs. falar em manifestação contra a violência, só me merece um comentário final… É preciso ter muita lata!!!

6/19/2005

Onde pára a vergonha???

(Antes da mais devo reconhecer a minha dificuldade em manter este blog actualizado.
No entanto tentarei fazer os possíveis para mantê-lo o mais actualizado possível.
Embora já tenham passado alguns dias desde que foi tornado publico o número de nomeações levadas a efeito por este governo, não posso deixar de registar aqui a minha total repulsa).
Não é só o número de nomeados. É também as justificações apresentadas pelo Primeiro-ministro para tal facto… Confiança politica. È um escândalo. Se não só a tipo de exemplo perguntem por favor ao Sr. José Sócrates se para se ser motorista de um ministério qualquer, (tipo: das finanças), é necessário ser do mesmo partido do ministro? Ou será que se o motorista for de um outro partido qualquer o Sr. ministro corre o perigo de o referido motorista se espetar contra um poste qualquer com o intuito de matar o Sr. ministro?...
É escandaloso, 1094 nomeações em apenas 2 meses!!!
A grande questão é: estas nomeações farão parte do projecto do governo para criar 150000 postos de trabalho?... Ou será antes, (o que me parece mais óbvio), a forma encontrada pelos Srs. do Partido Socialista, para calarem as vozes de alguns Srs. por não serem candidatos às autárquicas?... Tipo o Sr. Fernando Gomes e o Sr. Nuno Cardoso?
Deixo aqui estas questões na esperança de que haja alguém capaz de me dar outro ponto de vista que torne lógico o procedimento do Sr. primeiro-ministro.

6/12/2005

Por momentos julguei-me em Africa!...

Acordei mais cedo de que é costume. E num acto de madrugador, olhei pela janela do quarto. O dia estava já quente apesar de ainda ser manhã acabada de despertar.
O puto negro da cadeira de rodas descia a rua, com certeza que o iria voltar a encontrar, como era habitual aos domingos de manhã, pedindo na esquina de sempre, quando me deslocasse à praça para tomar o meu café matinal lá estaria ele, nunca faltava.
O puto não levava as pernas porque as tinha perdido. O pai não o acompanhava, talvez por ter sido assassinado. Quanto à mãe… coitada, está presa, por prostituição!
Por momentos, julguei-me em Africa.
Não fosse, eu saber, que aquele puto perdeu as pernas não numa mina, mas ao atravessar uma passagem de nível com guarda, mas em que o guarda havia adormecido.
O pai… foi assassinado, sim! Mas não por um qualquer grupo guerrilheiro africano, mas sim por um grupo de inergumenos de skins, à porta de um qualquer bar neste País.
A mãe!?... Essa deixou-se levar pelo amor que tem ao filho e acabou por ser detida e acusada de vender a sua própria dignidade, correndo ainda o risco de ser repatriada por não estar legalizada.
Por momentos julguei-me em Africa. Mas foi só por momentos, porque logo de seguida senti vergonha por ser Português e estar em Portugal.

6/11/2005

Afinal poucas horas bastaram!


Não creio que tenha sido em resposta ao meu anterior post, que se deu o que se deu na praia de Carcavelos.
Não creio nem sequer tão pouco concordo com os actos. Mas não deixa de ser evidente para mim (que até sou bastante limitado), de que afinal há uma revolução a ser cozinhada em panela de pressão e que está prestes a rebentar.
Mas passemos aos factos:
Hoje dia 10 de Junho, dia de Portugal, logo dia de Camões e das Comunidades, 500 marginais, (ou serão, marginalizados?), invadiram a praia de Carcavelos, varrendo-a de uma ponta à outra deixando atras um rastro de roubos e algumas agressões. Será isto um caso de P.S.P.- (Policia de Segurança Publica), ou será que se trata de um caso de P.S.P.- (Política Social Portuguesa)?
Pois é meus Srs.! Não foi necessário esperar mais de que um folgado par de horas para ver que a revolução está latente e que será sempre uma questão de tempo.
Sim, não se lamentem os Srs. Políticos pelo que hoje se passou, porque o melhor, (ou o pior, depende sempre do ponto de vista), ainda está para vir. Aqueles que têm, terão de repartir. Nem que seja à força, uma vez que não querem entender a bem que estão a explorar em demasia todos os desfavorecidos deste País. E estes têm do seu lado a força de quem quer resistir à morte, em vida.

6/10/2005

Incompreensível

É incompreensível, (para mim é claro, que sou bastante limitado), as reacções que pude
verificar, às declarações do Sr. Jorge Coelho, a respeito dos lucros dos maiores grupos financeiros Portugueses.
Segundo o Sr. Jorge Coelho, os 5 maiores grupos financeiros de Portugal obtiveram mais lucros no primeiro trimestre deste ano, de que em igual periodo do ano transacto.
Ora o que o Sr. Jorge Coelho defendeu, (traduzindo para uma linguagem que seja acessível a todos os Portugueses), é que uma parte desses lucros, e friso bem a palavra LUCROS, fosse usada em favor de mais alguns Portugueses, (todos), taxando de uma forma mais honesta os referidos LUCROS, com a finalidade de que assim esses Srs. mais abastados contribuíssem efectivamente para a resolução da crise financeira que este País atravessa.
Qual não é o meu espanto quando vejo o Sr. representante dos Bancos vir a televisão dizer, que se tal medida for tomada, os Bancos, (coitadinhos), terão que aumentar as taxas de juros. Meus Srs.…. Estamos a falar de LUCROS, logo estamos a falar de algo que vos vai entrar no bolso e não a falar em vos ir buscar algo ao bolso!!!
Mas para espanto maior, (meu é claro, que mais uma vez volto a dizer, que sou bastante limitado), não é que o Sr. Vitorino, que até é um dos prováveis candidatos à Presidência da Republica, que até é um cargo que deve ser desempenhado em favor de todos, (friso bem, TODOS), os Portugueses, vem dizer à mesma televisão que não concorda com o Sr. Jorge Coelho, porque os Srs. que têm sucesso não devem ser penalizados por isso mas sim incentivados.
Ora Sr. Vitorino, a quem devemos penalizar?... Aos falhados?... aqueles que muitas vezes não chegam a ter sequer rendimentos suficientes para alimentarem os seus filhos?
É lamentável Sr. Vitorino! É lamentável e chega a doer ver pessoas como o Sr. a dizerem-se Socialistas.
É este tipo de atitudes que nos trouxe até aqui.
É essa hipocrisia camuflada que vos tem permitido ir depenando aqueles que realmente produzem.
Mas o que para mim é realmente incompreensível, é não se vislumbrar nenhuma revolução num horizonte próximo, que seja fruto da revolta de todos os sangues sugados. Isto sim é incompreensível.

Nascimento

Nasci.
Com orelhas, olhos, garras e presas.
Nasci,
Para morder, que é arma indispensável à Arte de quem quer ser mordaz.
Nasci,
Em Portugal, talvez por ser 10 de Junho.
Nasci,
No dia de Portugal e de Camões.
Nasci,
De garras e dentes afiados.
Nasci,
Num País de varões de armas instalados.
Nasci,
Neste País onde são os pobres quem paga as despesas.
Nasci,
Onde a liberdade dos cravos jaz.
Nasci,
No País do fado, do futebol e do menino Jesus nas palhas deitado, em noite de Natal.
Em fim… Nasci,
Em Portugal.